quinta-feira, 25 de julho de 2013

Projeto: Minha nada interessante vida: Destinos difíceis aos quais me identifico.

Muitos dizem que fotografar moradores de rua ou pessoas aos quais estão sofrendo não é arte. Outros dizem que é exploração da miséria humana, enfim, muitos dizem muitas coisas.

Eu fotografo moradores de ruas de que alguma forma interpretam algo que tenho dentro de mim. 
Nós fotografamos o que nos move e bem como diz Sebastião Salgado fotografamos com tudo que temos dentro de nós.

Não acredito que eu queira de alguma forma explorar a miséria humana. Primeiramente porque todos temos nossa parcela de miserabilidade dentro de nós.

Quando comecei a fotografar eu vivia em um momento muito delicado. Havia me separado a algum tempo. Não morava com as minhas filhas ( até então ainda não moro). Trabalhava em um emprego que pagava-se muito, mas muito pouco. Havia voltado a morar com a minha mãe ( Diga-se de passagem que mesmo com ela me aceitando o preço e a cobrança emocional para a minha alma e paz foi muito alto) e estava completamente perdida em relação a como sair de toda esta situação. Em suma eu era uma moradora de rua na alma. Havia uma completa identificação com estas pessoas aos quais não tem ninguém e nada na vida. 

Com o tempo minha vida foi caminhando e através de muito trabalho foi (está) mudando. Conheci neste meio tempo um processo terapêutico chamado constelação familiar aos qual me ensinou a sentir a alma das pessoas bem como ver o mundo também com outros olhos. 

Para uma professora e estudante (eterna) de filosofia e fotógrafa isso agregou ainda mais o meu ser. 

Hoje ainda fotografo moradores de rua, porém tenho uma outra abordagem. primeiramente não os enxergo como miseráveis e muito menos como perdedores. Mesmo com todo aspecto que aos olhos do mundo é muito negativo eu os vejo como grandes vencedores que seguram no dia a dia aquilo que ninguém mais quer segurar ou viver. 

Ainda possuo identificação com eles justamente porque a minha abordagem também mudou em relação a mim mesma. Me identifico porque também me sinto (fui e aceitei ser) excluída por muita gente. Só há exclusão quando há incômodo, ou seja, hoje em dia é muito fácil excluir o que nos incomoda, basta "deletar" com um clique por exemplo. 

Há uma musica do foo figthers chamada "The pretender" em que há uma passagem que diz:  
"Eu sou a voz dentro de sua cabeça que você recusa a ouvir
Eu sou a cara que você tem de encarar, refletido no seu olhar
Eu sou o que resta, Eu sou o que é direito. Eu sou o inimigo
Eu sou a mão que te derruba, que te deixa de joelhos."

E isso traduz muito o que sou, o que represento no mundo e esta questão toda a qual expliquei acima. 

Concluindo, eu não fotografo apenas moradores de rua, fotografo a mim mesma, fotografo vencedores  e fotografo o que incomoda, enfim, fotografo almas. 
=.)























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